pra quem ouve aquilo que ouvo além daquele outro que louvo sabe
que é perturbação d’almo, pois já que macho sou me acalmo
que alma é coisa de frouxo e eu nasci com aquilo arouxeado
não afrouxo nem desabrouxo pois eu sei de tudo o que se prega
aí vem alguém e nega tudo só pra fazer-se de cético,
eu, posto poético, calado fico mudo, mas contudo
mantenho o olhar distante, pé atrás, quero saber tudo e mais
do que não é falado ou ensinado já que proibido é, como
na antiguidade, que sabedoria assim só autoridades
religiosas ou de lei podiam ter, pro povo só contos
e crenças pra alimentar ainda mais a ignorãça do já sôfrego
que sofre desd’infância mas não larga pé de tocar a vida
com a tal da fé fazendo o milagre da gente que no fundo
não importa se se crê ou se se descrê: vive-se… e em se vivendo
também deixa viver senão não seria justo pro meu nome:
assyno eduardo miranda, d estas terras calyentes d’Espanya
oje, qvartª feira, vjgesº sextº dia do qvartº mez d este anno de MMXVII