ensaio sobre poema “The Tiger”, de Willian Blake

Flatus, flatus, de intenso cheiro, flatus,
O que és, flatus, senão gases expelidos pelo ânus?
Dióxido de carbono, hidrogênio e metano na mistura,
E sulfeto de hidrogênio e enxofre para dar a bastura.

E se todos falam de peido, eu também vou falar
Pois peido mesmo são aqueles que deveriam governar
Mas só peidam & peidam, sem vergonha nem decoro,
Pelos cantos, pelas casas, peidam em todos os foros.

Em que narinas & em que pulmões, daqui ou d’além mar
Queimam teus fedores? Donde os planeja fermentar?
Dentre tantos horrores que ainda hoje se atença,
Que bundas & cús brindarás com tua flatulosa presença?

Quantos mortos mais? Sejam nos aviões ou nas ruas?
Quais bolsos agora farão morada às tuas falcatruas?
Donde está a vergonha de ter tua cabeça a prêmio,
Se tirar o cú da reta te faz honrado no teu grêmio?

Quais foram os martelos? Quais foram as correntes?
Em que fornalhas ousaste forjar tua infesta mente?
Com que bigornas? Que morsas de mandíbulas infinitas,
Desafiaste tuas mortalhas em quais câmaras malditas?

Flatus, flatus, de intenso cheiro, flatus,
O que és senão o cheiro podre dos teus múnus
Mensaleiros, népotas e coronéis fazem a mistura
E um pouco de calheiro para dar a vazadura.