Mandou eu me aprumar e tomar o meu rumo,
Mandou eu apagar o cigarro que eu nem fumo,
Mandou eu voltar sem saber se eu estava indo,
E assim que ele chega, os outros estão saindo.
Não viu e nem ouviu, não sabe quem foi,
Não conhece ninguém mas quer nomear o boi,
Olha para o lado e aponta o dedo sorrindo,
Não fede nem cheira, mas vive se exibindo.
Tem o carro mais bacana, a mulher a mais gostosa,
O dinheiro mais limpo, a merda mais cheirosa,
Tem o espelho quebrado e se considera o mais lindo,
Nunca é convidado mas se acha bem-vindo.
Não lhe dirigem a palavra mas quer puxar assunto,
Não sabe quem morreu mas quer velar o defunto,
Diz que já fez, que já leu, conhece tudo e tal,
Nunca lê um livro até o fim, mas sempre fala mal.
Em sua realidade deturpada, vive desconectado,
Preste atenção Fulano, que vou lhe dar um recado:
Antes de você despertar desse seu eterno domingo,
Antes mesmo de chegar, considere-se mal-vindo.
Findo.